12/12/2014
Vai ser impossível atender ao desejo da TIM de ter o 4G em serviço na Olimpíada 2016 por conta do cronograma definido pelo Governo para a implantação da TV digital no país. E, por mais que as teles tentem coordenar ações no Gired, grupo conduzido pela Anatel e que vai pilotar a implantação da TV Digital, dificilmente elas serão fortes o suficiente para reverter o prazo estipulado.
A primeira grande dificuldade para se ter 4G em serviço no Rio de Janeiro nas Olimpíadas é de calendário. Os jogos estão previstos para o período entre 5 e 21 de agosto de 2016. Mas o desligamento dos sinais analógicos de televisão para os cariocas só se dará em novembro daquele mesmo ano. E como o cronograma faz parte da Portaria 481/14, do Ministério das Comunicações, não se trata de um instrumento sujeito a decisões do Gired.
É verdade que existem discussões sobre a entrada em operação do 4G antes do desligamento dos sinais analógicos -- ou seja, antes que as emissoras de televisão desocupem a faixa de 700 MHz. Mas isso só é tecnicamente viável naquelas cidades onde essa fatia do espectro não está totalmente ocupada, possibilitando que a telefonia entre antes de a TV sair.
Mas esse não deverá ser o caso do Rio de Janeiro. Lá, a faixa está tão cheia que não há espaço para as 21 emissoras em operação no Rio terem outro pedacinho do espectro para transmitir digital simultaneamente ao analógico. Não por menos, o governo autorizou as emissoras a passaram diretamente das transmissões analógicas para as digitais, tendo que fazer a digitalização no mesmo canal.
"Em cidades como São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro simplesmente não há possibilidade, seja em 700MHz, seja em 800MHz. Não há espaço. Por isso, vamos permitir que aquelas emissoras que hoje só transmitem no sistema analógico possam ir direto ao digital", explicou na época o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Genildo Lins.
Aguardar a desocupação da faixa com o desligamento analógico é só uma etapa. Os próprios radiodifusores acreditam que essa será a parte "fácil". "Há dois gargalos e a digitalização da transmissão é o menos difícil. Muito mais complicado é a digitalização da recepção doméstica. 93% dos domicílios precisam trocar o aparelho de TV ou ter um conversor de sinal", lembra o diretor-geral da Abert, a associação que representa Globo e SBT, Luis Antonik.
Quando as teles falam em antecipar o 4G, é porque existe uma espécie de carência prevista nas regras: a telefonia deve entrar em operação nos 700 MHz 12 meses depois da desocupação da faixa pelas TVs. É nesse período que o Gired pode influenciar uma redução do prazo. Mas, convém sublinhar, trata-se de um prazo a partir do desligamento dos sinais analógicos.
Também é prudente reconhecer que o processo já está atrasado. A primeira cidade a ser 'desligada’ no país será a goiana Rio Verde. A data prevista é 29 de novembro de 2015. Mas as regras também preveem que os moradores das cidades a serem desligadas precisam ser avisados diariamente, pela televisão, um ano antes do switch off.
No entanto, nem o Gired -- que é o grupo decisório, a ser formado por representantes das teles e das emissoras de TV -- está formado. Muito menos a EAD, a empresa a ser criada até 90 dias após o Gired para ser o braço executivo da transição, que vai comprar e distribuir equipamentos a radiodifusores e aos brasileiros mais pobres.
Finalmente, também vale lembrar que não há registros de cronogramas de desligamento analógico que não tenha sido adiado. Houve atrasos na Europa, no Japão e nos Estados Unidos exatamente porque as pessoas ainda não tinham como assistir TV Digital. E em nenhum deles pode-se realmente creditar o problema à falta de renda da população.
"No nosso lado, o negócio tem que dar certo. Mas essa questão do aparelho domestico não é mole de resolver. Se chegarmos lá com 80% dos domicílios, vamos desligar e deixar 3 milhões de fora? Desligar uma cidade do porte do Rio de Janeiro não é fácil. E a experiência internacional indica ser muito difícil os cronogramas serem rigorosamente cumpridos", reforça o diretor-geral da Abert.
Fonte: Convergência Digital
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