23/09/2014
Ainda faltava meia hora para o fim das inscrições ao leilão do 4G e a ausência da Oi já era assunto das rodinhas no Espaço Renato Guerreiro, junto à sede da Anatel, em Brasília, nesta terça-feira, 23/09. Dali a pouco, minutos antes do gongo das 10h, houve frisson entre advogados (mais), engenheiros (menos) e reguladores (e jornalistas) quando chegou o aviso que a ‘supertele’ estava fora do jogo. Apenas Vivo, Tim, Claro e Algar (CTBC) estarão na disputa do dia 30.
Para os concorrentes ali presentes, sinal de que o maior grupo de telecom do país, em clientes, sente o peso de uma dívida três vezes superior a seu valor de mercado. Embora financeiramente compreensível, desistir da faixa de 700 MHz é se resignar a uma participação coadjuvante no 4G. Espectro, como não se cansam de repetir as operadoras móveis, é o ar que respiram.
No caso da Oi, é particularmente crítico. Em seu mais recente comunicado ao mercado alega ter “diversificado portfólio de espectro, que permite prover serviços de voz e dados de forma competitiva”. No entanto, ressente-se da carência de frequências abaixo de 1 GHz – ressaltada pelo mesmo aviso, ao listar possibilidades em 2,5 GHz e eventualmente, 1,8 GHz.
Quem destaca essa carência é a própria Oi. “Existe um portfólio diversificado de frequências, mas há desequilíbrios que afetam a competição quando se considera as que têm acima e abaixo de 1 GHz. A Oi é a operadora que mais sofre, porque é a que tem menos frequências baixas”, descreveu o gerente de processos normativos da empresa, Luiz Catarcione, em audiência sobre o leilão, em maio.
As principais competidoras, Vivo, Tim e Claro, detém nacos em 850 MHz e 900 MHz. A diferença não é desprezível. Faixas mais baixas têm maior alcance, enquanto as mais altas exigem um número maior de estações radio base. Não por menos o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse à Folha, ao saber da desistência que “ruim para Oi, que fica limitada no 4G”.
Não quer dizer que a operadora não vislumbre alternativas. O atual leilão oferece nacos do espectro entre 698 MHz a 806 MHz. Mas coincidentemente a Anatel discute o que fazer com um pedaço imediatamente depois, de 806 MHz a 821 MHz. Hoje é usado pela Nextel para o serviço de trunking, mas a agência quer permitir a oferta também de SMP.
Ainda está em aberto se isso terá custo ou mesmo um novo leilão. Mas é uma viabilidade concreta de uso de 15+15 MHz (o outro naco é 851 a 866 MHz) para o 4G. Até aqui, a Anatel sinalizou que a própria Nextel poderia se beneficiar da mudança de destinação, sem pagar mais por isso. Mas há quem defenda levar esse naco valioso a oferta pública.
Fonte: Luís Osvaldo Grossmann - Convergência Digital
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